“E acrescentou: Jesus lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43) Aparentemente, parece haver uma contradição na palavra de Deus, porém, estudando profundamente este texto, percebemos que o livro Sagrado de Jesus é perfeito e não contém erros doutrinários.
O que acontece neste caso, é que o verso contém um pequeno “erro gramatical” e de “pontuação” por parte do tradutor e não do próprio Jesus. Analisemos quatro pontos básicos existentes que nos ajudarão na correta interpretação:
- A palavra “que” existente em nossa Bíblia não consta no texto original grego. É um acréscimo do tradutor. A escrita seria assim: “Em verdade te digo hoje estarás comigo no paraíso”. Na escrita bíblica, as frases e palavras, eram escritas todas juntas, sem pontuação. Ex: (traduzindo para o português): “Emverdadetedigohojeestarascomigonoparaiso”.
Cabe ao estudante da palavra de Deus fazer a separação correta das palavras e pontuá-las adequadamente.
- – O entendimento do texto irá depender de onde usarmos a vírgula. Colocando-a depois da palavra “digo”, significaria realmente que, no momento de sua morte, o ladrão iria para o céu com Jesus. Ex: “Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso”. Agora, se a vírgula for colocada depois da palavra “hoje”, muda completamente o sentido do texto: “Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso”.
Jesus está dizendo ao ladrão que “hoje”, neste dia em está sendo pregado na cruz, neste dia em que ele está preste a morrer, ele promete um dia ressuscitá-lo e levá-lo para o Céu. O termo “hoje” refere-se ao momento no qual Cristo estava fazendo a promessa. Deve-se também ressaltar que o ladrão pediu a Jesus: “lembra-te de mim quando vieres em teu reino”. Ele sabia que a vinda do reino de Deus era algo futuro.
- – O ladrão não foi para o céu naquele dia. Leiamos João 19.31 a 33: “Entre os judeus, para que no Sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação, pois era grande o dia daquele Sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele tinham sido crucificados”.
As pernas do ladrão foram quebradas porque ele estava vivo. Era costume da época, fazer isto para que os criminosos não fugissem. Em algumas vezes os condenados à cruz levavam até uma semana para morrerem.
- O próprio Jesus disse que não tinha ido ao céu depois de sua morte. Vejamos João 20.17: “Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (grifo meu).
Analisemos: Jesus morreu numa sexta-feira e ressuscitou num domingo. Como ele iria para o céu com o ladrão na sexta, se no domingo ele disse para Maria Madalena que ainda não havia subido? O livro Subtilezas do Erro, de A.B. Christianini menciona várias traduções que vertem Lucas 23.43 da seguinte maneira: “E Jesus lhe disse: na verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso”.
Sendo assim, texto de Lucas não contradiz a doutrina do sono da alma (Sl 13.3; Jo 11.11-14). As Escrituras claramente ensinam que a pessoa ao morrer está inconsciente até a volta do Senhor Jesus (Sl 6.5; 115.17; I Ts 4.13-16).
“Hoje”, exatamente quando parecia que Jesus nunca teria um reino, Ele prometeu ao malfeitor: “Estarás comigo no paraíso.” Verso 43. Jesus deu ênfase ao momento da Sua promessa. “Neste dia da Minha humilhação, você revela fé na Minha exaltação. Neste dia, quando todos os outros Me abandonam, você me chama Salvador. Neste dia em que você chegou ao limite da sua vida, quando você lança a sua alma impotente sobre um Salvador moribundo, Eu lhe prometo. Hoje, declaro como num decreto real a partir da cruz, como se fosse de um trono: Você estará comigo no Paraíso!”
O ladrão era prisioneiro, mas prisioneiro da esperança – a bem-aventurada esperança. Uma coroa aguarda o ladrão penitente. Ela será sua quando Jesus estabelecer o Seu reino. É este o triunfo da fé.
Leandro Quadros