A doutrina da imortalidade da alma, vinda da filosofia pagã, substituiu a verdade de que “os mortos nada sabem” (Eclesiastes 9:5). Multidões creem que os espíritos dos mortos são enviados à Terra.

A doutrina de que os espíritos dos mortos retornam para ajudar os vivos é a base do moderno espiritualismo. Se os mortos são pri­vilegiados com conhecimento que supera em muito o que possuíam antes, por que não voltariam à Terra para instruir os vivos? Se os es­píritos dos mortos estão próximos de seus amigos na Terra, por que não poderiam comunicar-se com estes? Como aqueles que creem no estado consciente dos mortos poderiam rejeitar o que lhes vem como “luz divina” transmitida por espíritos glorificados? Esse é um meio de comunicação considerado sagrado, mas através do qual Satanás atua. Anjos caídos aparecem como mensageiros do mundo dos espíritos.

O inimigo tem o poder de trazer à presença das pessoas a apa­rência de seus amigos falecidos. A imitação é perfeita, e é reproduzida com maravilhosa exatidão. Muitos são consolados com a afirmação de que seus queridos estão desfrutando do Céu. Sem suspeitar do perigo, dão ouvidos a “espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Timóteo 4:1).

Muitas pessoas acreditam que aqueles que morreram sem estar preparados estão felizes no Céu, e nesse lugar ocupam elevadas po­sições. Supostos visitantes do mundo dos espíritos às vezes proferem avisos e advertências que demonstram ser corretos. Então, estando ga­nha a confiança, apresentam doutrinas que contrariam a Bíblia. O fato de declararem algumas verdades, e poderem às vezes predizer acon­tecimentos futuros, dá às suas declarações uma aparência de crédito, de modo que seus falsos ensinos são aceitos. A lei de Deus é rejeita­da, o Espírito Santo é desprezado. Os espíritos negam a divindade de Cristo e colocam o Criador no mesmo nível em que eles próprios estão.

É verdade que os resultados de fraudes muitas vezes são apresen­tados como manifestações genuínas, mas tem havido também gran­des exibições de poder sobrenatural, atuação direta dos anjos maus. Muitos creem que isso é meramente uma impostura humana. Porém, quando confrontados com manifestações que não podem deixar de considerar sobrenaturais, serão enganados e levados a aceitá-las como o grande poder de Deus.

Através do auxílio satânico os magos do faraó puderam imitar o milagre de Deus (veja Êxodo 8:6, 7). Paulo afirma que a segunda vin­da do Senhor seria antecedida pela “ação de Satanás, com todo o po­der, com sinais e com maravilhas enganadoras” e o “uso de todas as formas de engano da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:9, 10). E João de­clara: “Realizava grandes sinais, chegando a fazer descer fogo do céu à Terra, à vista dos homens. Por causa dos sinais que lhe foi permiti­do realizar, […] enganou os habitantes da Terra” (Apocalipse 13:13, 14). Nesses textos não são preditas meras imposturas. As pessoas são en­ganadas por sinais que os agentes de Satanás realmente efetuam, e não por aquilo que eles fingem realizar.

Apelo ao intelecto – A pessoas de cultura e educação, o espiritua­lismo é apresentado em seus aspectos mais refinados e intelectuais.

Agrada a imaginação com cenas encantadoras e descrições eloquentes de amor e caridade. As pessoas são levadas a terem tão grande orgu­lho da própria sabedoria, a ponto de no coração desprezarem o Eterno.

Satanás seduz hoje as pessoas assim como seduziu Eva no Éden, tornando-as ambiciosas de exaltação própria: “Sereis como Deus, sa­bendo o bem e o mal” (Gênesis 3:5, ARC). Hoje ele ensina que “o ser humano é uma criatura suscetível de progresso em direção à Divin­dade”. E ainda: “O julgamento será correto, porque é o julgamento de si mesmo. O tribunal está dentro de você.” Também declara: “Todo ser justo e perfeito é Cristo.”

Assim, Satanás afirma que a natureza do ser humano é a única norma para o juízo, quando, em realidade, é uma natureza corrom­pida. Isso é “progresso”, não para cima, mas para baixo. O ser huma­no jamais estará acima de sua norma de pureza ou bondade. Se ele mesmo é seu mais elevado ideal, nunca atingirá qualquer coisa supe­rior a isso. Somente a graça de Deus tem poder para elevar o ser hu­mano. Deixado a si mesmo, seu caminho será em direção para baixo.

Não importa como vivemos? – O espiritualismo é apresentado sob disfarce menos sutil ao que transige com seus pecados e que ama os prazeres. Nas formas mais grosseiras desse erro, as pessoas encontram o que está em harmonia com suas tendências. Satanás observa os pe­cados que cada indivíduo é inclinado a cometer, e então cuida para que não faltem oportunidades de satisfazer a tendência para o mal. Ele tenta as pessoas através da intemperança, a fim de enfraquecê-las física, mental e moralmente. Destrói milhares por meio da satisfação dos maus desejos, corrompendo assim todo o indivíduo.

Para completar sua tarefa, os espíritos declaram que “o verdadei­ro conhecimento coloca o ser humano acima de toda lei”, que “tudo está certo”, que “Deus não condena” e que “todos os pecados são ino­centes”. Sendo o povo levado a crer que o desejo é a mais elevada lei, que libertinagem é liberdade e que o ser humano deve prestar contas apenas a si mesmo, como não poderíamos esperar que a corrupção se espalhasse por toda parte? Multidões aceitam ansiosamente os ensi­nos que levam a uma vida desregrada. Satanás apanha em sua arma­dilha milhares que pretendem ser seguidores de Cristo.

Porém, Deus concedeu luz suficiente para que a cilada seja perce­bida. O próprio fundamento do espiritualismo está em conflito com a Palavra de Deus. A Bíblia declara que os mortos nada sabem, que to­dos os seus pensamentos pereceram; já não participam das alegrias ou tristezas daqueles que estão na Terra (veja Eclesiastes 9:5, 6).

 

Somente a graça de Deus tem poder para elevar o ser humano.

  

Além disso, Deus proibiu toda suposta comunicação com os es­píritos dos mortos. Os “espíritos familiares”, como são chamados os visitantes de outros mundos, são identifi­cados pela Bíblia como “espíritos de demô­nios” (veja Números 25:1-3; Salmo 106:28; 1 Coríntios 10:20; Apocalipse 16:14). A tentativa de comunicar-se com eles foi proibida sob pena de morte (veja Levítico 19:31; 20:27). Esse erro, porém, penetrou nos meios científicos, invadiu as igrejas e foi bem-recebido nas corporações legisla­tivas, e mesmo nas cortes dos reis. Esse grande engano é o reaparecimento, sob novo disfarce, da feitiçaria que havia na antiguidade e que fora condenada.

Ao apresentar os mais infames seres humanos como se estivessem no Céu, Satanás está dizendo ao mundo: “Não importa se você crê ou não em Deus e na Bíblia. Viva como lhe agradar; o Céu será o seu des­tino.” Porém, diz a Palavra de Deus: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas” (Isaías 5:20).

A Bíblia apresentada como ficção – Os apóstolos, personificados por esses espíritos mentirosos, são apresentados contradizendo o que escreveram quando estavam na Terra. Satanás está fazendo o mundo crer que a Bíblia é mera ficção, um livro adequado às eras primitivas, mas que hoje deve ser considerado antiquado. Ele torna obscuro o li­vro que julgará a ele e seus seguidores. Satanás representa o Salvador do mundo como apenas um ser humano. E aqueles que creem nessas manifestações espirituais, afirmam que nada realmente miraculoso ocorreu durante a vida de nosso Salvador. Os milagres que eles pró­prios realizam, segundo declaram, excedem em muito os de Cristo.

Hoje, o espiritualismo está assumindo uma aparência cristã. Seus ensinos, porém, não podem ser negados ou encobertos. Em sua for­ma atual, constitui um erro mais perigoso, mais sutil, porém mais enganoso. Agora, ele pretende aceitar a Cristo e a Bíblia. Mas esse livro é interpretado de modo a agradar corações não convertidos. O amor é apresentado como o principal atributo de Deus, entretan­to é rebaixado a um frágil sentimentalismo. A reprovação que Deus faz ao pecado, os requisitos de Sua santa lei, tudo é deixado de lado. Fábulas levam as pessoas a rejeitar a Bíblia como o fundamento de sua fé. Cristo é tão verdadeiramente negado como antes, mas o en­gano não é percebido.

Apesar disso, poucos têm uma compreensão correta sobre o po­der do espiritualismo. Muitos se aproximam dele simplesmente para satisfazer a curiosidade. Ficariam horrorizados diante do pensamento de se entregar ao domínio dos espíritos. Aventuram-se, porém, a en­trar em lugar proibido, e o destruidor exerce todo o seu poder sobre eles, contra a vontade deles. Uma vez induzidos a submeter a mente a ser guiada por ele, ficarão escravizados. Apenas o poder de Deus, concedido em resposta à sincera oração, poderá livrar essas pessoas.

Todos os que alimentam um pecado conhecido estão atraindo as tentações de Satanás. Separam-se de Deus e do vigilante cuidado de Seus anjos, tornando-se indefesos.

“Quando disserem a vocês: ‘Procurem um médium ou alguém que consulte os espíritos e murmure encantamentos, pois todos recorrem a seus deuses e aos mortos em favor dos vivos’, respondam: ‘À lei e aos mandamentos!’ Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês ja­mais verão a luz!” (Isaías 8:19, 20).

Se as pessoas estivessem dispostas a receber a verdade sobre a natu­reza humana e a condição na morte, veriam no espiritualismo o poder e os sinais de mentira de Satanás. Entretanto, multidões fecham os olhos à luz, e Satanás constrói suas armadilhas em volta dessas pessoas. “Rejei­taram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Tessalonicenses 2:10).

Protegidos pelos anjos de Deus – Aqueles que se opõem a esse erro, enfrentam Satanás e seus anjos. O inimigo não recuará nem mes­mo um passo, a menos que seja repelido pelo poder dos anjos celes­tiais. Satanás é capaz de citar a Bíblia, distorcendo os ensinos dela. Aqueles que desejam sobreviver a este tempo de perigo, devem com­preender por si mesmos o ensino da Palavra de Deus.

Espíritos do mal, que personificarão parentes ou amigos, apela­rão a nossos mais ternos sentimentos e realizarão milagres. Devemos resistir-lhes com a verdade bíblica de que os mortos nada sabem e re­conhecer que as aparições são feitas por espíritos do mal.

Todos aqueles que não viverem de acordo com a fé estabelecida na Palavra de Deus, serão enganados e vencidos. Satanás atua com “todas as formas de engano da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:10), e seus enganos aumentarão. Mas aqueles que desejam conhecer a verdade e se tornar pu­ros através da obediência, encontrarão um refúgio seguro no Deus da ver­dade. O Salvador estaria mais pronto a enviar todos os anjos do Céu para proteger Seu povo do que deixar a pessoa que confia em Deus ser venci­da por Satanás. Aqueles que se consolam com a segurança de que o pe­cador não será punido e que rejeitam as verdades que o Céu enviou para servirem como defesa no tempo do fim, aceitarão as mentiras de Satanás.

Zombadores ridicularizam as declarações da Bíblia sobre o plano da salvação e a retribuição que será dada àqueles que rejeitam a ver­dade. Sentem grande compaixão por pessoas que supostamente têm a mente tão estreita e são frágeis e supersticiosas por reconhecerem as reivindicações da lei de Deus. Essas pessoas têm se entregado comple­tamente ao tentador, e acham-se tão unidas a ele e tão impregnadas de seu pensamento que não têm disposição para livrar-se de suas ciladas.

O fundamento desse engano foi lançado na declaração feita a Eva no Éden: “Certamente não morrereis. [..] Sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gênesis 3:4, 5, ARC). A obra-prima do engano será al­cançada no fim dos tempos. Diz o profeta: “Vi […] espíritos de demônios que realizam sinais miraculosos; eles vão aos reis de todo o mundo, a fim de reuni-los para a batalha do grande dia do Deus todo-poderoso” (Apocalipse 16:13, 14).

Com exceção daqueles que são protegidos pelo poder de Deus, pela fé em Sua Palavra, o mundo todo será envolvido por esse enga­no. As pessoas estão sendo rapidamente embaladas por uma falsa se­gurança fatal e serão despertadas somente quando for tarde demais.