maurobragaO advogado Maurício Braga, aos 28 anos, estava atravessando um momento muito difícil da sua vida. Desesperado, sem saber onde encontrar ajuda, Maurício foi convidado por um amigo para conhecer uma casa espírita em Moema, zona sul de São Paulo. Mesmo não gostando de manifestações sobrenaturais e tendo preconceitos quanto ao espiritismo, ele aceitou o convite.

Nesta entrevista, concedida ao programa ESTÁ ESCRITO, Maurício Braga conta sobre sua trajetória de 16 anos pelo espiritismo até chegar ao conhecimento da verdade bíblica sobre o que acontece depois da morte.

Está Escrito – Como foi o seu primeiro contato com o espiritismo?

Braga – Confesso que, na primeira vez, fui bastante ressabiado. Mas a linha kardecista é diferente. É uma linha de mais estudo, mais oração, de cursos. Eu me identifiquei, porque cheguei lá e não vi nenhuma coisa esquisita. A primeira vez que fui, vi uma pessoa com um livro chamado O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, falando das parábolas de Jesus, e aquilo me fez aceitar bem a doutrina espírita. Comecei a experimentar uma espécie de “conforto espiritual”, porque o espiritismo traz soluções confortantes para questões como a morte, o sofrimento e as injustiças da vida.

Está Escrito – E a sua busca pela verdade?

Braga – Durante dez anos, li, aproximadamente, 100 livros sobre a doutrina espírita, incluindo romances psicografados por Chico Xavier. Achei o que queria, me sentia no lugar em que Deus teria me colocado. Estudei quatro anos para ser médium, depois fiz outros cursos, inclusive, um curso preparatório para dar aulas. Ensinei durante dois anos a doutrina espírita. Ao ser convidado para ensinar O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, senti um desejo muito grande de me aprimorar como professor. Simplesmente pensei: “A Bíblia é a base da minha religião, porque lá eu ensino trechos da Bíblia, textos de pensamentos de Cristo. Então, agora vou buscar o alicerce da minha religião. Vou buscar a base onde Allan Kardec construiu tudo!” Na casa espírita me disseram que não havia necessidade de estudar a Bíblia, e eu não concordei com isso. Mas, como meu irmão havia se tornado adventista, depois de algum tempo, telefonei pra ele, que imediatamente encontrou alguém que estudasse a Bíblia comigo.

Está Escrito – O que você descobriu ao estudar a Bíblia?

Braga – Descobri uma coisa que nunca pensei: que a Bíblia se confronta com O Evangelho Segundo o Espiritismo. Até então, para mim, o manual kardecista era como uma explicação da Bíblia, mas eu percebi que ele não era fiel ao contexto das Escrituras. Aquilo me chamou atenção e eu pensei: “Não é isto o que está escrito na Bíblia!” De repente, me vi sem chão porque estava ensinando uma coisa da qual eu não tinha mais certeza. Pensei comigo que devia parar de dar aulas no centro espírita e devia estudar mais a Bíblia para ter condições de decidir entre o certo e o errado.

Está Escrito – Como você se planejou para estudar o espiritismo e a Bíblia juntos?

Braga – Decidi pesquisar os cinco pilares do espiritismo: a reencarnação, o estado do homem após a morte, a Lei do Carma, os médiuns e a evolução.

Está Escrito – Para o espírita, a reencarnação é o momento em que após a morte o espírito desencarna e vai para outro corpo, num processo evolutivo até atingir a perfeição. Gênesis 2:17 diz que depois do pecado o homem se tornou mortal e em Gênesis 3:4 vemos a “serpente” dizendo que se pode ter vida após a morte. Como o espiritismo harmoniza os dois textos com a doutrina da reencarnação?

Braga – De cara, a gente vê o grande conflito do Universo. De um lado, Deus diz: “Certamente morrerás”, e do outro, Satanás contradiz: “Certamente NÃO morrerás”. É um conflito que me pareceu estranho![1] Então, pensei assim: “Certamente morrerás nesta encarnação”, pois é desta forma que o espírita pensa. Mas aí, vem Hebreus 9:27 e diz que “… o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo.” E quando estudei a questão do juízo, vi que há uma única existência.  Então percebi que não existe harmonia entre o espiritismo e a Bíblia, mas um antagonismo, na questão da reencarnação.

Está Escrito – E o segundo pilar do espiritismo?

Braga – Bem, o espiritismo ensina que depois da morte nós continuamos existindo. Nossos “espíritos desencarnados” vão para as “cidades espirituais”, onde estudam e aprendem. Alguns “reencarnam” logo depois; já outros, passam anos ou séculos, mas tudo com o objetivo de aprimoramento e nova encarnação, geneticamente programada com aquilo que a pessoa vai passar de bem ou mal. Você percebe que tudo tem um fundo muito lógico? Hoje, você vê a ciência falando de genes, que a pessoa já vem com uma doença genética. Tudo parecia muito lógico! Só que, quando comecei a estudar a Bíblia, vi claramente que a pessoa, ao morrer, não tem parte em coisa alguma que se faz debaixo do Sol (Eclesiastes 9:5 e 6).

Está Escrito – Então, as pessoas podem pagar em “outras vidas” os erros que cometem nesta vida? Há algo na Bíblia que apóie isso?

Braga – Deparei-me com João 9: 1- 2, onde diz o seguinte: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que ele nascesse cego?” Para mim, esta pergunta tinha um conteúdo enorme de espiritismo e da Lei do Carma, o terceiro pilar da doutrina espírita. Veja que, naquela época, já se discutia esse conceito, se não os discípulos de Jesus não perguntariam: “O que ele fez para que nascesse cego?” Esta é uma pergunta espírita, com o teor de Lei do Carma! E a resposta de Jesus é clara: “Nem ele, nem seus pais pecaram, mas isso aconteceu para que se manifestasse a glória de Deus”. E aí a gente aprende que, na verdade, a doença é conseqüência do mal, do pecado e que nós estamos colhendo os resultados da desobediência a Deus. Bem, esse conceito anula a Lei do Carma.

Está Escrito – A que conclusões você chegou depois de haver comparado a Bíblia com a doutrina espírita?

Braga – Para o espiritismo, os médiuns são fundamentais, pois são os intermediários entre o plano espiritual, Deus, e o homem. Então eu pensei: “A Bíblia tem que falar alguma coisa sobre os médiuns, porque ela é um instrumento de consolo, de comunicação com Deus” (ver Deuteronômio 18:10-14). Então, encontrei em Isaías, capítulo 8, uma afirmação muito forte:  “Algumas pessoas vão pedir que vocês consultem os adivinhos e os médiuns, que cochicham e falam baixinho. Essas pessoas dirão: ‘precisamos receber mensagens dos espíritos, precisamos consultar os mortos em favor dos vivos!’ Mas vocês respondam assim: ‘O que devemos fazer é consultar a lei e os ensinamentos de Deus. O que os médiuns dizem não têm nenhum valor’” (versos 19 e 20 – NTLH).

Finalmente, o quinto pilar do espiritismo, a lei da evolução. Existe uma frase que se vê nas instituições espíritas que diz: “O espírito nasce no mineral, dorme no vegetal, se agita no animal e acorda no homem”. Enquanto a doutrina espírita prega essa evolução, a Bíblia deixa claro que, assim como os animais, todos tornaremos ao pó. (Gênesis 3:19; Eclesiastes 3:19-21; 12:7)

Está Escrito – Então, você teve que tomar uma decisão…

Braga – Eu pensava: “Se eu anular a Bíblia, vou tirar o chão sobre o qual a casa está construída; já o inverso não, pois, se eu tirar o espiritismo da Bíblia estarei dando a verdadeira aplicação aos textos bíblicos.” Foi um exercício de raciocínio muito difícil para mim, pois pensei: “a Bíblia é a base da Constituição de muitos países, é um livro que atravessou séculos e séculos. Se eu tiver que dar seriedade e acreditar nela, então, eu tenho que aceitar o que a ela diz sobre a morte e não em Allan Kardec”.

E quanto a você? O que acabou de ler lhe causou indignação? Você está com a cabeça cheia de perguntas irrefutáveis? Gostaria de dizer que as evidências de aparições após a morte são inegáveis? Está se lembrando dos casos policiais que são resolvidos com a ajuda de médiuns e do “próprio assassinado”? Então, não deixe de ler o próximo capítulo em http://www.esperanca.com.br/?p=188.


[1] Referente a Gênesis 2:17; 3:4 – RA. Grifo acrescentado.