No ano de 2009, multidões ficaram encantadas com as cenas do mundo idílico concebido pelo roteirista e diretor de cinema James Cameron, em seu filme Avatar. O que ninguém poderia imaginar é que muita gente acabaria, depois, sofrendo de “depressão pós-avatar”. É sério! No site Avatar Forum, um dos maiores sobre o filme, o tópico chamado “Maneiras de lidar com a depressão pelo sonho de Pandora ser intangível” recebeu milhares posts. Usuários obcecados escreveram que lamentam não poder visitar ou morar no planeta Pandora, já que ele parece muito melhor do que a Terra.
Alguns posts eram bastante preocupantes, como o de um rapaz chamado Mike: “Desde que fui ver Avatar eu ando deprimido. Ver o maravilhoso mundo de Pandora e todos os Na’vi fez com que eu quisesse ser um deles. Não consigo parar de pensar em tudo que aconteceu no filme e todas as lágrimas que já derramei por isso. Eu até já cogitei suicídio, pensando que se eu fizer isso vou renascer em um mundo similar à Pandora e tudo vai ser igual ao que é em Avatar.”
Se alguém tinha dúvidas quanto ao poder de influência da mídia, aí está mais um exemplo isso. As pessoas querem escapar da realidade e fugir para mundos de sonhos, não importando se virtuais ou reais. E não são só os avatarmaníacos. Há pessoas que não passam uma semana (ou até mesmo um dia) sem imergir em algum filme. Há outras que aguardam ansiosas o próximo capítulo da novela ou da série preferida. Outros ainda deixam tudo de lado para não perder a partida do “time do coração”. E o que dizer das horas e horas gastas em jogos de videogames ou em trivialidades internéticas? Tentam preencher o vazio da alma com alimento desprovido de nutrientes, refinado nos estúdios daqueles que só pensam no dinheiro que vão arrecadar metendo a mão no bolso dos que são fisgados por suas produções viciantes. Essa depressão é sintomática. Mostra que as pessoas estão com saudades, e nem sabem do quê.
Outro comportamento que pode levar à depressão e até gerar pensamentos de suicídio é o sexo casual. Pesquisa feita pela Universidade do Estado da Califórnia com 3,9 mil estudantes mostrou que as pessoas que praticam sexo fora de um contexto de romantismo e compromisso se mostravam mais estressadas, com problemas de depressão e ansiedade. Os pesquisadores acreditam que esse estresse seja resultado de arrependimento.
As causas da depressão variam muito e às vezes são até difíceis de ser identificadas. Este é um mundo não ideal, e quanto mais longe do ideal dAquele que criou o mundo para ser ideal, mais as pessoas pagam um alto preço por essa inadequação ou mesmo teimosia.
O fato é que somente quem enfrentou ou enfrenta um quadro depressivo consegue entender o que significa perder o sono sem motivo aparente ou dormir mais de doze horas seguidas, sem vontade de acordar. Chorar muito e sem motivo “justificável”. Não ter capacidade de fazer aquilo de que você mais gosta, sentindo-se incapaz, inapto. Ter maus pensamentos e perder a vontade de viver. Alimentar senso de culpa por coisas sem importância, bem como a sensação de fracasso. Viver trancado dentro de si, em meio a sombras que insistem em pairar sobre a cabeça. Na verdade, não mais viver, apenas existir. E chegar ao ponto de nutrir pensamentos suicidas.
A depressão é um grande transtorno moderno no que diz respeito à saúde mental. É o mal que encabeça as consultas psiquiátricas e de psicologia clínica. E cresce cada vez mais: estima-se que a depressão ocupará o segundo lugar entre as causas de doenças e incapacidade no mundo no ano de 2020, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares.
Com suas correspondentes variações, a depressão afeta crianças, jovens, adultos e idosos; homens e mulheres; pessoas de todas as classes; ricos e pobres. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que há mais de cem milhões de pessoas deprimidas no mundo.
Sofrer um grande desgosto, ter excessiva preocupação ou se sentir estressado pelo excesso de trabalho não significa necessariamente estar com depressão. Entretanto, essas alterações emocionais podem ser o início dela, e é necessário estar atento para que não se prolonguem demasiadamente.
Os sintomas da depressão são vários, e o diagnóstico não é confirmado como tal até que apareçam cinco deles de forma regular no período de duas semanas e, ao menos, um dos sintomas deve ser a tristeza ou a perda de interesse ou prazer. Entretanto, o surgimento de apenas um deve servir de alerta para se tomar uma providência antes que a solução se torne mais difícil.
Depressão: como prevenir
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Busque suficiente apoio social – A depressão é pouco frequente nos círculos em que há fortes laços de relacionamento, quer seja conjugal, familiar, de trabalho ou de amizades. Portanto, é importante fazer parte de uma família feliz, estar rodeado de bons amigos, ter bom ambiente de trabalho, pois essas coisas são salvaguardas contra a depressão. (Ok. Você até já sabe disso. Talvez não saiba como alcançar isso. Continue lendo este livro, por favor.)
Mantenha uma vida ativa – É surpreendente como o estado de ânimo debilitado pode mudar rapidamente ao se ocupar com alguma atividade. Para evitar a depressão, tome uma atitude e atue de alguma forma. Talvez seja difícil fazer uma visita a um amigo ou entregar um recado, mas isso só no princípio. Uma vez iniciada a atividade, você verificará que é fácil continuar. Ocupe-se com tarefas que lhe causem satisfação e que sejam produtivas e edificantes: coloque em ordem sua casa, conserte alguma coisa, faça algumas chamadas telefônicas interessantes. Se puder, pratique esporte ou exercício físico aeróbico. A fadiga, nesse caso, é fonte de saúde e bom humor. Até a alimentação pode ajudar.
Pense corretamente – Conforme as pessoas se centralizam no aspecto sombrio ou no lado positivo das coisas, têm maior ou menor propensão para a depressão. Pensar é um hábito como qualquer outro e deve ser cultivado para evitar a análise negativa das situações.
Olhe para o passado com prudência – O passado pode ser fonte de depressão e também de bem-estar emocional. Em lugar de pensar nas adversidades do passado, alegre-se com os tempos e acontecimentos felizes. Se existe algum trauma do passado (abuso sexual, catástrofe natural, etc.), procure um psicólogo ou psiquiatra, em vez de cair no negativismo ou na irresponsabilidade.
Além de poder ser causada por uma vida em não conformidade com os planos de Deus ou pela frustração alimentada por fantasias, depressão pode ser também considerada “excesso de passado”. E era justamente esse o problema de Carlos.
“Fantasmas” do passado
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Carlos sempre fora considerado um homem forte e enérgico, tanto que, devido a essas qualidades e à sua estatura de quase um metro e noventa, os amigos o chamavam de “Carlão”. Mas os anos de uma vida desregrada, movida a festas, bebedeiras e relacionamentos amorosos passageiros acabaram cobrando a conta. Com pouco mais de setenta anos, “Carlão” era apenas uma sombra do que havia sido. Passava a maior parte do tempo sentado em uma cadeira de rodas, em silêncio, remoendo os pensamentos, enquanto o tempo passava lentamente na casa de repouso que ele nunca esteve disposto a chamar de lar. O corpanzil vivia arqueado sob um peso aparentemente muito maior do que o dele mesmo – o peso das memórias era seu maior problema.
Carlos havia sido diagnosticado com câncer terminal e nos últimos anos sofria com depressão profunda. Era homem de pouca conversa e nunca recebia visitas de parentes. Parece que todos o haviam abandonado quando a festa de sua vida teve fim.
A verdade é que, nos braços das mulheres e nos copos de cerveja, Carlão procurava abafar a voz da consciência. Nunca quis dar o braço a torcer e admitir que somente uma vez havia experimentado alguma coisa parecida com felicidade. Por mais que procurasse negar, seus pensamentos sempre se voltavam para uma única mulher, sua primeira namorada e ex-esposa, a quem não soube dar o devido valor. Agora ela não mais estava ali para ouvir suas reclamações e sua conversa sobre uma “vida plena”, de satisfações, longe das “amarras” de uma família, da preocupação com filhos e dos carinhos de uma mulher apenas. Como ele esteve enganado! Como foi capaz de comprar uma mentira como se fosse verdade?
Se tivesse forças e condições, Carlos tiraria a própria vida, apressando, assim, o fim inevitável.
Suicídio
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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio mata mais de 800 mil pessoas por ano, ficando na frente da aids como causa de morte. A cada três segundos, uma pessoa atenta contra a própria vida. O fenômeno leva à morte uma pessoa a cada 40 segundos. No Brasil, estima-se que 32 pessoas tiram a própria vida todos os dias, e cerca de 30% dos casos têm que ver com a depressão.
Com o objetivo de esclarecer o tema, a OMS listou em uma campanha os mitos e verdades sobre o suicídio. De acordo com o texto, entre as inverdades sobre o assunto está a ideia de que apenas pessoas com distúrbios mentais podem cometer suicídio.
Mito: Pessoas que falam sobre suicídio não têm intenção de se suicidar.
Fato: Pessoas que conversam sobre suicídio podem estar procurando ajuda ou suporte. Um número significativo de pessoas que cogitam o suicídio passa por ansiedade, depressão e falta de esperança, e pode pensar que não existe outra opção.
Mito: A maioria dos suicídios acontece repentinamente e sem aviso.
Fato: A maioria dos suicídios foi precedida por avisos ou sinais, sejam verbais ou comportamentais. Há alguns casos em que suicídios acontecem sem qualquer aviso. Mas é importante entender o que são os sinais e procurar por eles.
Mito: Alguém com propensão ao suicídio está determinado a morrer.
Fato: Ao contrário, pessoas com propensão ao suicídio agem de forma ambivalente sobre continuar vivendo ou morrer. Alguém pode agir impulsivamente ao ingerir pesticidas, por exemplo, e morrer alguns dias depois, apesar de desejar continuar vivendo. Acesso a suporte emocional no momento certo pode prevenir suicídios.
Mito: Alguém que deseja se matar continuará desejando se matar em todos os momentos.
Fato: Os maiores riscos de suicídio são a curto-prazo e em situações específicas. Pensamentos suicidas não são permanentes e um indivíduo que teve pensamentos suicidas anteriormente pode seguir vivendo por um longo tempo.
Mito: Somente pessoas com distúrbios mentais podem cometer suicídio.
Fato: Comportamento suicida indica profunda infelicidade, mas não necessariamente distúrbio mental. Muitas pessoas que têm problemas mentais não são afetadas por comportamento suicidas, e nem todas as pessoas que tiram a própria vida têm distúrbios mentais.
Mito: Conversar sobre suicídio é uma má ideia e pode ser interpretado como encorajamento para cometê-lo.
Fato: Por causa do estigma sobre o suicídio, a maioria das pessoas que está cogitando tirar a própria vida não sabe com quem falar. Em lugar de encorajar, o ato de conversar abertamente pode dar outras opções ou tempo para que a decisão seja repensada e, assim, o suicídio seja evitado.
Mito: O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito de exercitar seu livre-arbítrio.
Fato: Os suicidas passam quase que invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, sua percepção da realidade e interfere em seu livre-arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece.
Mito: Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida.
Fato: O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.
Mito: As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.
Fato: A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou frequentemente a profissionais de saúde ou familiares, em dias ou semanas anteriores, seu desejo de se matar.
Mito: Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em cometer suicídio, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.
Fato: Se alguém pensava em cometer suicídio e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema passou. Uma pessoa que decidiu pelo suicídio pode se sentir “melhor” ou aliviada simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.
Mito: Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
Fato: Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta hospitalar é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado – muitas vezes, a pessoa suicida continua em alto risco.
Mito: Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.
Fato: Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
Mito: É proibido que a mídia aborde o tema suicídio.
Fato: A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isso não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda, etc.
Segundo a OMS, em 90% dos casos é possível prevenir o suicídio. Existem locais preparados para oferecer ajuda. Há os Centros de Atenção Psicossociais (Caps) e os Centros de Valorização da Vida (CVV), que têm um serviço de prevenção ao suicídio por telefone (basta ligar para o 141) e pela internet.¹
Como vencer a depressão
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O tratamento da depressão é realizado de duas formas: por meio da farmacologia e da psicoterapia. Na maioria dos casos, é indicado um tratamento farmacológico inicial prescrito por um médico ou psiquiatra. Ao mesmo tempo, é seguido um plano de intervenção psicológica que prepara a pessoa para sair da depressão e evitar seu retorno.
Produtos farmacêuticos – Os medicamentos antidepressivos são uma eficiente fonte de alívio da dor psíquica e da tendência ao suicídio que frequentemente acompanham o depressivo. Os antidepressivos atuam sobre a química cerebral para equilibrar a atividade dos neurotransmissores no cérebro. Isso alivia os sintomas e fortalece os efeitos da psicoterapia. Às vezes, é necessário submeter o paciente a vários tipos de medicamentos até encontrar o mais indicado e esperar algumas semanas para sentir os resultados – isso pode levar até quatro semanas, o que faz com que alguns pacientes abandonem os medicamentos, piorando o quadro. Os medicamentos antidepressivos podem produzir efeitos secundários de intensidade variada.
O medicamento psicotrópico é como uma “cunha” para um relógio que está adiantando ou atrasando demais. O grande problema é que ele não age na engrenagem defeituosa e sim na velocidade com que o relógio funciona. Por essa mesma razão, apesar de trazer efeitos prazerosos e muitas vezes benéficos, o medicamento antidepressivo é ineficaz e até perigoso, se usado sem o acompanhamento adequado.
Aí vem um dos grandes problemas da vida atual: as pessoas não querem fazer algo para “tratar” a depressão que envolva mudança de hábitos e atitudes pessoais. Elas preferem se limitar a uma pílula. Isso cria uma situação em que o próprio medicamento, sem a perspectiva correta, pode dar a falsa sensação de melhora, mas se, por exemplo, a pessoa tiver tendência a um distúrbio bipolar (mania/depressão), o medicamento errado pode exacerbar os períodos de “grandeza”, sem necessariamente tirar tudo aquilo que está fazendo mal.
Rotina diária – A elaboração de um programa de atividades é uma das estratégias mais comuns utilizadas pelos psicólogos. É como uma agenda que o paciente atenderá durante várias semanas. O psicólogo faz a elaboração com a ajuda do paciente e da família. Ao colocar em prática, o doente ocupa o tempo necessário e adquire novos padrões de conduta para evitar a recaída. Um bom programa de atividades tem que levar em consideração os seguintes princípios:
• Escolher as atividades mais agradáveis e evitar, especialmente no princípio, as que são consideradas excessivamente difíceis.
• Buscar atividades com um componente social. Por exemplo: é preferível uma reunião com amigos a enviar o paciente ao cinema.
• Se for possível, não interromper o trabalho habitual, mas manter o emprego ou os estudos, reduzindo as horas e a intensidade.
• Na maioria dos casos, a ocupação manual é bem aceita. Por exemplo, marcenaria, costura ou jardinagem.
• Incluir o exercício físico sempre que a saúde do paciente permitir. O equilíbrio químico e hormonal produzido pelos medicamentos farmacêuticos também pode ser conseguido ou complementado com o esporte e a atividade física.
• A agenda do programa de atividades deve ser a mais detalhada possível (por exemplo: em que se ocupar das 8h às 8h30, das 8h30 às 9h, etc.).
Forma de pensar – Cada dia se dá maior importância aos pensamentos no tratamento da depressão. Um dos objetivos mais almejados é ajudar a pessoa a ver as coisas de maneira correta e equilibrada. Os que sofrem de depressão tendem a:
• Ter objetivos e expectativas não realistas. Um homem fica deprimido porque aos cinquenta anos não conseguiu ser bem-sucedido nos negócios.
• Destacar as faltas pessoais e minimizar as conquistas. Uma jovem ganha um concurso literário e, quando suas amigas a felicitam, insiste em dizer que poucos trabalhos foram apresentados, ou que lhe deram o prêmio por compaixão.
• Comparar-se com outros e se sentir inferior. Uma mulher assiste a uma reunião de antigas alunas de seu colégio e retorna deprimida porque considera as conquistas de suas companheiras muito superiores às suas.
No tratamento de êxito deve ser incluída a reestruturação cognitiva (do pensamento), uma vez que a depressão fortalece pensamentos negativos sobre a própria pessoa, no ambiente e no futuro. Portanto, evite todo pensamento de inferioridade e autocomiseração. Pense que grande parte de seu êxito depende do que você se propõe a fazer e que pode contar com qualidades e capacidades pessoais de muito valor.
Na avaliação do ambiente, não se concentre nas imperfeições e nos perigos, mas nas coisas belas da vida e nos acontecimentos agradáveis. Certamente, há muitas coisas boas em que pensar. E se houver coisas negativas, faça alguma coisa para suportar em vez de ficar se lamentando.
Com respeito ao futuro, se alguém pode mudá-lo, é só você. Decida que vai ser feliz e será. Repita: “Decidi ser feliz!” e abandone todo pensamento contrário desde sua origem.
Apoio familiar – O tratamento profissional ganha muito se a família oferece apoio ao deprimido. É de vital importância que, se o cônjuge, filho ou algum outro membro da família sofre de depressão, o problema seja encarado seriamente e que esta orientação seja seguida:
• Ouça-o com atenção e simpatia, pois isso por si só já produz efeito terapêutico.
• Nunca censure a pessoa, mas trate-a com calma e naturalidade.
• Ajude seu familiar a se manter ocupado. Passeios, entretenimentos, pequenos trabalhos, etc.
• Anime a pessoa a nutrir a esperança de que sairá da depressão com dignidade.
• Apoie o tratamento médico, lembrando a importância de o paciente tomar os medicamentos. Evite também transmitir dúvidas, como: “Para que servem esses comprimidos?” “Por que você precisa ir ao psiquiatra, você não está louco?!” Se você tem dúvida do tratamento, fale com o médico e não com o paciente.
• Pode-se esperar uma grande aflição, especialmente se a pessoa piora e começa a dizer que não vale a pena viver e que gostaria de morrer.
• Vigie para que ela se alimente adequadamente e não faça uso do álcool.
Faça algo pelos outros – O depressivo é levado a pensar que já está satisfeito com o que tem, e que pode prestar ajuda a outros. Realmente, isso oferece novo ânimo e tem ação terapêutica. Experimente cuidar do filho de um amigo, fazer compras para uma pessoa idosa, visitar alguém hospitalizado, ou fazer pequenos trabalhos voluntários. Agindo assim, você esquecerá seu próprio sofrimento e perceberá que existe gente com maiores necessidades. Ajudar outras pessoas é uma forma de ajudar a você mesmo.
Olhe para o futuro com esperança – Se você está sentindo os sintomas da depressão, precisa entender que o futuro não está à mercê das circunstâncias e você tem muito a ver com o amanhã. Fuja de todo sentimento de desespero e incapacidade.
O Dr. Everton Padilha Gomes, cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor) e diretor do Estudo Advento (falaremos mais sobre esse projeto no capítulo 9), ilustra da seguinte maneira: é como se você estivesse usando óculos escuros ao entardecer enquanto dirige em uma estrada. Em certo momento você terá a nítida impressão de que já é noite, e que sua visão da estrada se encontra mais dificultada pela escuridão. Mas se você lembrar de tirar os óculos escuros, verá que, na verdade, ainda existe muita claridade na pista. “O depressivo não perde a noção da realidade, mas a vê com tons mais graves. Ele enxerga sob uma ‘ótica’ bem mais pessimista que a maioria das pessoas. Nesses momentos, sempre aconselho essas pessoas a ‘darem um desconto’ a si mesmas, e entenderem que a realidade estará menos obscura do que eles imaginam”, explica o médico.
Explique os fracassos com realismo – Seja consciente de seus pontos fortes e fracos e analise as situações de forma equilibrada. Por exemplo, se você não teve êxito em uma solicitação de emprego, não pense que é inútil, mas observe se existe muita dificuldade ou se os candidatos são muitos, e, da próxima vez, procure se preparar melhor para uma função almejada.
Assuma o controle dos acontecimentos futuros – Se a origem de seus problemas é, por exemplo, familiar, não pense que não há mais solução para os relacionamentos. Você pode fazer algo para melhorar sua maneira de se comunicar e esquecer as pretensões puramente egoístas. Essas são maneiras reais para melhorar o futuro.
Terapia divina – Ter fé (ou crer) em Deus como um Ser disposto a ajudar, proteger, facilitar e favorecer aqueles que O procuram é o primeiro passo para se beneficiar da espiritualidade. Essa convicção produz um relacionamento com a Divindade que inspira paz interior. É o mesmo sentimento de um pequeno menino que vai de mão dada com seu pai por um caminho pedregoso; não tem medo porque sente segurança em uma mão forte. Da mesma forma, no caminho da vida, a pessoa que confia em Deus sabe que há riscos de todo tipo, mas sua fé no Criador a faz olhar para o futuro com serenidade, porque tem certeza de que seu Pai Celestial a protegerá.
Ajudas específicas no caminho da vida incluem: a oração a Deus, como falar a um amigo com quem se compartilha as aflições; e a leitura da Bíblia, com suas histórias e mensagens que trazem paz interior. Selecione alguns textos curtos e tente memorizá-los para se lembrar deles em situações de crise. Finalmente, procure se aproximar de pessoas que compartilham desses ideais. Essa associação poderá servir como fonte de apoio para melhorar sua confiança em um Ser superior.
Em um estudo realizado na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos, referente ao terremoto que abalou a cidade em 1989, ficou claro que as pessoas que usaram um sistema de apoio social para combater as sequelas psicológicas do terremoto conservavam níveis mínimos de depressão e ansiedade. No entanto, as que haviam se isolado para pensar em seu destino infeliz atingiram níveis elevados de depressão. Isso se verificou não somente nos dias seguintes ao terremoto, mas também sete semanas após a catástrofe.
Se você costuma se isolar e pensar demasiadamente em suas angústias, mude de atitude, ou estará se aproximando rapidamente da depressão. Em troca, é recomendável que tenha um amigo e confidente a quem possa contar suas ansiedades.
Não culpe o passado e ajude-se
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Os acontecimentos passados são muito importantes para explicar o mundo psíquico da pessoa, mas não têm que ser determinantes da saúde mental. É preciso aceitar o passado (que não pode ser mudado) e evitar a passividade de não fazer nada para melhorar, porque, “afinal, meu passado me predestina”, “sou assim porque tive uma infância conturbada”, “tenho esse problema porque meus pais não souberam me educar”. Essa atitude compromete o processo de restabelecimento e bloqueia muitas fontes de ajuda e apoio.
Mesmo que a depressão costume requerer a intervenção médica e psicológica, as estratégias de autoajuda sempre são de grande benefício para apoiar o tratamento e a prevenção. Veja algumas dicas oportunas:
• Conte com um amigo ou confidente. Procure alguém que tenha apreço por você e o compreenda para conversar de modo natural. Meditar sozinho sobre seus problemas é a pior atividade para o depressivo.
• Mantenha-se ocupado. Saia até a rua, ao ar livre, faça algum esporte. Ou, se preferir, fique em casa fazendo alguma atividade manual caseira. As atividades não permitirão que sua mente se ocupe com pensamentos que fortaleçam a depressão.
• Evite o álcool. É costume geral “afogar as tristezas no álcool”. Mas não se engane. Essa substância pode aliviar os sintomas apenas por algumas horas, como uma barreira de ajuda psicológica, sem considerar, no entanto, a ruína que causa à saúde física. É importante lembrar que o álcool desencadeia uma resposta estilo “bola de neve”. O etanol “deprime” de uma forma geral a atividade dos neurônios cerebrais, tanto os que acompanham circuitos responsáveis pelo autocontrole, quanto aqueles que podem ajudar a pessoa a ter uma atitude positiva. A euforia do álcool é uma situação efêmera, seguida por uma sensação de inadequação, de culpa e inutilidade. A mesma sensação se dá com o uso da maconha, que recentemente foi associada com maior nível de procrastinação para homens e pânico para mulheres.²
• Mantenha uma dieta saudável. Coma verduras, frutas frescas, cereais e legumes. Se não tem esse costume, será um pouco difícil no início, mas depois acostumará.
• Previna-se da insônia. Faça exercício físico, tome uma refeição leve e evite os pensamentos que lhe causem preocupação. Se algum dia tiver dificuldade para dormir, não fique impaciente. Acomode-se num sofá e leia um livro, ou escute o rádio até que consiga dormir.
• Pense nas coisas boas. Concentre-se naquilo que traz satisfação e tenha certeza de que toda a calamidade terá seu fim. Além disso, temos muitas coisas para agradecer e devem ser motivo de nossa frequente lembrança.
• Assuma atitude esperançosa. A esperança é uma necessidade humana. Sem ela, surgem a dúvida, o medo e a ansiedade, fatores relacionados com a depressão. Os que têm esperança no futuro e relacionamento com um Deus paterno e amoroso possuem uma poderosa arma contra a depressão.
O problema de Carlão é que ele se recusava a falar sobre seus temores e sentimentos, e a aproximação certa da morte piorava ainda mais seu quadro depressivo. Ele tinha uma âncora pesada prendendo-o ao passado e um túnel escuro e desconhecido à frente, que o enchia de medo e incertezas.
Diante da morte
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Assim como os fãs de Avatar, Carlos descobriu tristemente que Pandora não existe, e desperdiçou miseravelmente todas as oportunidades de viver feliz no mundo real da vida que ele destruiu com as próprias mãos. A esposa partira havia muitos anos e a filha não queria vê-lo pintado de qualquer cor. Seu fim era certo e ele não tinha sequer o consolo da fé para lhe garantir algum perdão divino e a certeza do que o esperaria no além.
Ah, se Carlos soubesse o que Laura havia aprendido sobre a vida após a morte! Pelo menos poderia se firmar nessa esperança. Sim, porque a Bíblia, quando descreve a morte dos salvos, sempre o faz com tintas de esperança.
De fato, o último inimigo com o qual o ser humano se depara na vida é a morte. Ninguém consegue escapar dela. Talvez por isso exista tanta preocupação em torno do assunto. Há muitas teorias sobre o que ocorre com as pessoas após a morte. Para onde vão os que morrem? Eles sabem alguma coisa a nosso respeito? É possível manter contato com os mortos? Jesus – que morreu e ressuscitou – é o único autorizado a falar sobre o assunto. E Ele o fez na Bíblia.
Antes de mais nada, para entender o que ocorre na morte, é preciso saber como o homem foi criado. Em Gênesis 2:7, está escrito: “Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (ARA).
É importante notar que o texto diz que “somos” uma alma vivente e não que “temos” uma alma. A palavra “alma”, no original hebraico, é nephesh, que significa “ser vivente”. Portanto: pó da terra + fôlego de vida = alma vivente (ser vivo).
Gênesis 3:19 diz que, depois de morto, o ser humano volta ao pó. A equação, então, fica assim: pó da terra – fôlego de vida = alma deixa de existir (pó volta ao pó; fôlego volta a Deus). No momento em que o ser humano morre, o fôlego (espírito) volta a Deus e o pó volta à terra. A alma vivente deixa de existir – morre.
De fato, por causa do pecado, o ser humano (alma) tornou-se mortal. Confira em Romanos 5:12 e Ezequiel 18:4. O apóstolo Paulo é bem claro em afirmar que somente Deus é imortal (1 Timóteo 6:15, 16).
Como a maioria das pessoas, Laura achava que talvez fosse possível manter contato com os mortos. Mas aprendeu na Bíblia que os mortos permanecem em estado de inconsciência, incapazes de se comunicar com os vivos. E isso está bem claro em textos como Eclesiastes 9:5, 6 e Salmo 146:4, entre outros. Sendo assim, os “espíritos de mortos” que aparecem por aí são, na verdade, anjos maus ou demônios que se fazem passar por pessoas que morreram (Apocalipse 16:14; 2 Coríntios 11:14).
Mas o texto bíblico mais interessante, para Laura, foi o que se refere à ressurreição de Lázaro. O relato está em João 11:11-14. Ali Jesus chama a morte de sono, reafirmando o conceito de inconsciência nesse estado. E quando chama Lázaro da sepultura, numa demonstração de que Ele realmente tem poder para ressuscitar qualquer morto, não importando o tempo em que essa pessoa tenha estado na sepultura, seu amigo Lázaro nada disse a respeito de qualquer coisa como Céu, inferno ou mesmo “corredores de luz”. Lázaro estava morto, “dormindo” inconsciente, descansando. Aliás, seria uma tremenda injustiça da parte de Cristo chamar Seu amigo de volta a esta vida triste, sujeito às doenças e, novamente, à morte, caso ele estivesse desfrutando da vida eterna no Paraíso. Sem contar que o Paraíso não seria paraíso se lá as pessoas pudessem contemplar os sofrimentos de seus parentes e amigos aqui no mundo. Você não acha?
Morrer é “dormir” e aguardar inconscientemente pela ressurreição. Nada de ir para o inferno (já) nem para o Céu (já), muito menos reencarnar. Hebreus 9:27, 28 é um texto muito claro: “Da mesma forma, como o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que O aguardam.”
Mas então onde e como começou a mentira de que o homem não morre? Para obter essa resposta, temos que voltar ao livro das origens: Gênesis 2:16 e 17 e 3:4. Ali é dito que o Criador deixou bem claro para Adão e Eva que, se eles pecassem, ou seja, se se desconectassem da Fonte de vida, a consequência disso seria a morte. Mas o inimigo de Deus, Satanás, como sempre faz, contradisse abertamente a palavra divina e garantiu a Eva que ela não morreria coisa nenhuma (mentira que ele vem perpetuando com a crença na reencarnação e com as falsas aparições de mortos). Deu no que deu dar ouvidos à voz do maligno: Eva pecou, Adão pecou e nós herdamos as consequências dessa triste escolha de nossos primeiros pais.
Mas é claro que o bom Deus não nos abandonaria neste mundo de pecado, nos braços frios da morte. A Bíblia está repleta de promessas relacionadas com a ressurreição das pessoas que aceitam o plano de salvação oferecido pelo Senhor. Textos como 1 Tessalonicenses 4:16 e 1 Coríntios 15:51 deixam bem claro que os mortos em Cristo serão ressuscitados com corpos imortais, por ocasião do retorno de Jesus, não antes nem depois. Aliás, outra coisa que a Bíblia deixa bem claro é que ninguém será “deixado para trás”. Os que morreram na condição de salvos pela graça serão ressuscitados e subirão com Jesus para o Céu, conforme a promessa dEle mesmo (João 14:1-3), e os que desprezaram a salvação permanecerão mortos por mil anos neste planeta aguardando o desfecho do juízo de Deus, conforme bem explica Apocalipse capítulo 20.
Sim, haverá duas ressurreições distintas (João 5:28, 29) separadas por um intervalo de mil anos. O que determina se participaremos da primeira ressurreição, por ocasião da volta de Jesus, é nossa relação com Ele hoje. Somente nEle há vida eterna (1 João 5:12; João 3:16). E somente ligados a Ele, como os ramos à árvore (João 15:1-9), poderemos também ser eternos em um mundo no qual reinam a paz e o amor (Apocalipse 21:4).
Ah, se Carlos soubesse de tudo isso! Se ele soubesse que “o Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido” (Salmo 34:18), e que está disposto a perdoar todos os nossos pecados, oferecendo-nos vida eterna, tudo teria outro sentido para ele.
Antidepressivos: limitações e problemas
Foto: pixabay.com | por Reggi Tirtakusumah
Os medicamentos antidepressivos aliviam os tão desagradáveis sintomas da depressão. Entretanto, não curam a doença. A eliminação dos agentes que causam o estresse e a mudança de atitude e conduta por meio da ajuda psicoterapêutica podem contribuir para a cura até o ponto de os medicamentos não serem mais necessários.
O paciente que usa medicação antidepressiva não consegue sentir melhora antes de duas ou três semanas após o início do tratamento. Além disso, são observados os seguintes efeitos secundários: problemas de desempenho sexual, alterações cardiovasculares, sonolência (ou insônia), visão turva, nervosismo, prisão de ventre, aumento (ou perda) de peso e secura na boca.
Bibliografia
1 “Suicídio: informando para prevenir”, Associação Brasileira de Psiquiatria, Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio, Brasília: CFM/ABP, 2014.
2 J Clin Exp Neuropsychol. 2016 Nov 23:1-13. [Epub ahead of print] “Cannabis, alcohol use, psychological distress, and decision-making style.”