Afinal de contas, o álcool é ou não ruim para o nosso organismo? E o vinho, faz bem? E só uma cervejinha de vez em quando?
Pesquisadores no Kaiser Permanente em Oakland, Califórnia, estudaram os hábitos de beber de 70 mil mulheres de raças diferentes entre 1978 e 1985, e descobriram que pelo ano 2004 cerca de 3 mil delas haviam contraído câncer de mama. Quando compararam o papel do total de álcool ingerido entre as mulheres que tiveram câncer, encontraram que havia uma conexão entre o beber e este tipo de câncer independentemente se elas beberam cerveja, destilados ou vinho. Mesmo quando o vinho era tinto ou branco, não houve diferença. Uma em cada oito mulheres norte-americanas adquirem câncer de mama. Sabe-se que uma dieta fraca em frutas e vegetais tem sido associada com o câncer do seio. E mulheres que consomem grandes quantidades de álcool comem menores quantidades destes vegetais.
Pesquisadores agruparam bebedores em três categorias: bebedores leves (menos do que um drink por dia), bebedores moderados (um ou dois drinks por dia) e bebedores pesados (três ou mais drinks por dia). Comparados com os bebedores leves, a incidência de câncer da mama pulou para 10% para os bebedores moderados e para 30% para os bebedores pesados.
Muitos bebedores possuem má compreenssão quando o assunto é beber (especialmente vinho tinto) pensando ser bom para sua saúde. Pensam que cerveja não é tão má como os destilados e que cerveja light nem se enquadra como bebida alcoólica. Algumas destas confusões originam-se de estudos que concluem que o beber leve ou moderado pode proteger a pessoa contra doença cardíaca. Já se sabe que os bons efeitos do vinho para o coração tem que ver com o resveratrol (um polifenol) que é encontrado na semente e casca de uvas e diminiu o LDL ( “mau” colesterol) e aumenta o “bom”, chamado HDL.
Vinho, cerveja e destilados todos contêm álcool etílico e a quantidade de álcool em uma dose padrão de vinho com 150ml, de cerveja ou bebidas “coolers” com 360ml, e 45ml de 80 bebidas destiladas testadas, é a mesma, se a pessoa bebe ela pura ou misturada. O álcool etílico que é a substância tóxica, aumenta o risco de câncer de mama em bebedores moderados e pesados.
Uma vez que o álcool é consumido ele é absorvido na corrente sanguínea e pode ser medido como a BAC – (Blood Alcohol Concentration) Concentração Sanguínea de Álcool. A taxa de absorção varia de acordo com a altura e peso da pessoa e a alimentação ingerida antes de beber. Quanto mais rápido se bebe, mais intoxicado se fica, não importando o tipo de bebida que foi consumido.
Os supostos benefícios do consumo de álcool em reduzir doença cardíaca não são bons o suficiente para pessoas com alcoolismo, ou para pessoas com risco aumentado para o alcoolismo, mesmo que seja para beber qualquer quantidade de álcool. Qualquer tipo e quantidade de álcool produzirá recaída para o alcoólico (ou alcoólatra). Em média, de cada 100 pessoas que bebem bebidas alcoólicas, 14 têm a doença do alcoolismo e para estas a solução é zero álcool.
Qualquer quantidade de álcool que entra em nosso organismo é tóxico para ele e o fígado logo começa a produzir enzimas para metabolizá-lo (desdobrá-lo e eliminá-lo), como a enzima chamada “desidrogenase alcoólica”. Cada unidade de álcool (10 a 12 g de álcool puro) requer uma hora para ser metabolizada. É uma maldade o que fazem as indústrias que produzem bebidas com baixo teor alcoólico como os “coolers”, pois se a pessoa (geralmente jovens as usam) tem tendência ao alcoolismo, ela poderá desenvolver esta doença grave começando com tais bebidas “inocentes”. Cuidado: há álcool etílico em receitas de certos biscoitos, pães, massas vendidos no comércio. Veja o rótulo.
Beber vinho ao invés de cerveja ou destilados não reduz os riscos de intoxicação ou dos muitos problemas de saúde associados ao beber. Pesquisadores indicam que o uso de álcool pode contribuir para o surgimento de vários tipos de cânceres, incluindo os do aparelho respiratório, parte alta do sistema digestório, fígado, cólon e reto. E como no caso do câncer de mama, a relação álcool-câncer é dose dependente, ou seja, os bebedores pesados têm maiores riscos de câncer.
Há um perigo grande se a pessoa mistura bebidas alcoólicas com as bebidas energéticas tipo Redbull porque a estimulação feita pela alta dose de cafeína nestes energéticos fazem a pessoa se sentir menos intoxicada pelo álcool do que ela realmente está. Daí ela tende a seguir bebendo e corre o risco de dirigir intoxicada sem perceber o perigo, além de ter piores efeitos sobre o corpo porque a cafeína desidrata o corpo e assim o álcool fica com mais dificuldade de ser absorvido, quando os efeitos tóxicos do álcool se tornam mais lesivos para o organismo. Não beba e viva melhor.
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