“Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho” (Eclesiastes 2:24).
De fato, como é bom comer! Não é à toa que em comemorações especiais a comida seja a grande expectativa das pessoas: a comida do Natal e do Ano Novo, o cardápio do casamento, a comida do aniversário. Além disso, quantas vezes, ao nos reunirmos com amigos e familiares em um momento social, não estamos ao redor de uma mesa, saboreando deliciosos alimentos na companhia de pessoas especiais? Comer é bom e é preciso. No entanto, podemos ter um padrão desequilibrado de alimentação, e este excesso ou falta de alimento também traz prejuízos à nossa saúde física, mental e espiritual.
O que é obesidade?
Geralmente quando pensamos em obesidade, nos lembramos de pessoas que estão acima do peso. No entanto, obesidade é mais do que o sobrepeso, é uma doença caracterizada pelo excesso de peso corporal. As causas do desenvolvimento da obesidade geralmente estão ligadas à genética familiar, aos maus hábitos alimentares, às disfunções endócrinas, à falta de exercícios físicos e sedentarismo, ao uso de alguns medicamentos que possuem como efeito colateral o aumento de peso e os fatores emocionais.
De acordo com o Ministério da Saúde, R$ 488 milhões são gastos anualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de doenças relacionadas à obesidade.[1] As principais complicações associadas ao excesso de peso são[2]:
- Sobrecarga do sistema cardiovascular, podendo surgir problemas como hipertensão arterial, aterosclerose, insuficiência cardíaca e angina (dor no peito);
- Dificuldade no sistema gastrointestinal, com possibilidade do desenvolvimento de complicações hepáticas e vesiculares (formação de areias ou pedras na vesícula);
- Complicações metabólicas como hiperlipidemia (excesso de lipídeos no sangue) e diabetes (excesso de açúcar no sangue);
- Complicações no sistema pulmonar;
- Surgimento de cânceres em vários órgãos;
- Dificuldades do sistema urinário e reprodutor, como infertilidade e amenorréia (ausência anormal da menstruação), hirsutismo e incontinência urinária de esforço.
Por isso, o cuidado que a pessoa obesa precisa ter com sua saúde não diz respeito somente à estética corporal, mas a uma série de questões que envolvem sua saúde global: física, mental e espiritual.
Como emagrecer?[3]
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirma que dietas muito restritivas em termos calóricos, trazem prejuízos para a saúde e fazem com que o próprio organismo se defenda desta perda rápida de peso, ativando mecanismos compensatórios para minimizar a perda de peso através da redução na taxa do metabolismo (metabolismo baixo dificulta o gasto de energia e, portanto, a redução do peso). Por isso, o ideal são dietas equilibradas que resultem em uma perda de peso mais moderada, porém que produza alterações mais estáveis.
A mudança dietética deve ser orientada por um profissional da área, de preferência unindo a ajuda de um médico endocrinologista, que fará uma avaliação da saúde da pessoa e de suas possíveis dificuldades metabólicas e hormonais, com a busca pela ajuda profissional de um nutricionista, que será capaz de avaliar suas necessidades nutricionais e criar um cardápio que atenda tais necessidades.
Além do aspecto alimentar, o exercício físico é fundamental para o tratamento da obesidade. Segundo a SBEM, a redução de peso e a melhora da saúde de pessoas obesas estão relacionadas basicamente a duas questões: a redução equilibrada e orientada da ingestão alimentar e o aumento da frequência da atividade física. O objetivo é que o balanço energético seja negativo, para que a pessoa consiga gastar mais energia do que consumir, a fim de que haja redução de peso.
E, como alguns casos de obesidade estão relacionados com dificuldades emocionais, a ajuda de um profissional psicólogo também deve ser considerada a fim de que a pessoa aprenda a lidar com possíveis razões que a façam ter dificuldade em controlar o apetite. A Terapia Cognitivo Comportamental e a Terapia Breve geralmente são eficazes para o tratamento de casos como estes.
Transtornos alimentares: quando o cuidado com o corpo vira doença
Você já ouviu falar de meninas que já possuem um corpo saudável e param de comer a fim de emagrecerem ainda mais? E de pessoas que após uma farta refeição induzem o vômito ou usam laxantes para evitar que engordem? Estes são casos típicos do que chamamos de transtornos alimentares.
Os transtornos alimentares se caracterizam por uma grave perturbação do comportamento alimentar. Geralmente pessoas com algum transtorno alimentar possuem uma distorção na percepção da forma e do peso corporal de si mesmas. Elas visualizam o próprio corpo como inadequado esteticamente quando, na verdade, esta não é a percepção real da própria imagem.[4] Estudaremos aqui os principais transtornos alimentares: anorexia, bulimia e o comer compulsivo.
Anorexia
A anorexia caracteriza-se pela recusa da pessoa a manter um peso corporal na faixa normal mínima, por ter um grande medo de engordar e uma distorção significativa na percepção da forma ou do tamanho do próprio corpo. Geralmente a pessoa nega estar com um peso normal ou inferior ao normal e, por isso, pode se submeter a exercícios físicos muito intensos, pode induzir o vômito por mais que não tenha comido quase nada, pode jejuar durante um longo período ou, frequentemente, tomar diuréticos e laxantes a fim de tentar eliminar o mínimo que foi ingerido.
Meninas anoréticas possuem os ciclos menstruais interrompidos por, no mínimo, três meses, e aquelas que ainda não menstruaram, tendem a ter a menarca retardada por conta da doença. A pessoa com este transtorno pode empregar uma grande variedade de técnicas para a checagem de peso, incluindo pesagens excessivas, medições obsessivas de partes do corpo (coxas, abdômen, nádegas) e o uso frequente de um espelho para a verificação constante de áreas do corpo que considera “gordas”.
A perda de peso é considerada uma grande conquista para os anoréticos e um sinal de ótima autodisciplina, enquanto que o ganho de peso é interpretado como um fracasso inaceitável que potencializa ainda mais os recursos utilizados para a redução do peso.
Os anoréticos geralmente negam que estão doentes e, por isso, precisam urgentemente do auxílio da família para receber tratamento adequado porque uma vez não tratada, a anorexia leva à morte. A família deve acompanhar o familiar anorético em uma consulta médica a fim de ter conhecimento sobre a orientação médica fornecida e estar atento ao cumprimento destas orientações por parte do paciente que, por causa da negação da doença, pode sabotar o próprio tratamento.
Bulimia
A bulimia é um transtorno alimentar que é caracterizado por episódios de excesso de ingestão de alimentos em um curto período de tempo, no qual a pessoa perde o controle daquilo que está comendo e esta atitude é seguida por um sentimento de culpa, vergonha e medo de engordar. Elas levam o paciente a se utilizar de maneiras de compensar esta ingestão excessiva como a indução do vômito (em geral, várias vezes ao dia), o uso de laxantes, diuréticos ou inibidores do apetite, e à prática de exercícios físicos de forma exagerada.
Ao contrário da pessoa anorética que nega o seu problema, a pessoa bulímica sente vergonha de sua condição e tenta se controlar. Ela reconhece o absurdo do seu comportamento, mas não consegue conter a ingestão excessiva de alimentos e pode não ser bem sucedida nesta tentativa de obter melhora sem buscar uma ajuda médica, psicológica e nutricional. A pessoa com bulimia normalmente não é obesa porque usa artifícios para não engordar. Geralmente desenvolvem entre dois ou três episódios bulímicos por semana. A bulimia é diagnosticada quando a pessoa apresenta estes sintomas por três meses consecutivos.[5]
Faz parte do tratamento da bulimia a psicoterapia com um psicólogo a fim e que a pessoa aprenda, dentre outras coisas, a lidar com seus próprios sentimentos de maneira saudável, sem prejudicar a sua saúde.[6] O tratamento também deve ter a orientação e o acompanhamento de um médico clínico a fim de que este profissional avalie possíveis danos físicos causados pelo comportamento bulímico. O uso de laxantes e os vômitos induzidos, além de eliminar o alimento, eliminam suco gástrico, e isto pode trazer complicações para a saúde. Recomenda-se também a orientação de um profissional nutricionista para acompanhar sua recuperação.
Comer compulsivo
As pessoas que apresentam este tipo de transtorno possuem, assim como os bulímicos, ataques de descontrole da ingestão de alimentos e, mesmo sem fome, só param de comer quando se sentem desconfortáveis fisicamente, sem conseguirem mais se alimentar. Mas, diferentemente dos bulímicos, elas não apresentam comportamentos compensatórios para este exagero como indução do vômito, uso de laxantes e diuréticos, exercícios físicos em excesso e outros. Por isso, geralmente desenvolvem uma obesidade de moderada a grave.[7]
Os comedores compulsivos também sentem vergonha deste comportamento e, por isso, também tendem a esconder os ataques alimentares procurando manter um controle alimentar nas refeições com outras pessoas ou em público. Esse quadro está relacionado, também, com doenças psiquiátricas como a depressão e transtornos de ansiedade. Por isso, deve ser tratado por um profissional psicólogo através da psicoterapia, por um médico clínico e endocrinologista com o objetivo de avaliar a própria saúde, e receber acompanhamento de um profissional nutricionista para elaboração de dieta.[8]
VOCÊ E O CRIADOR
O Criador conhece as dificuldades físicas e emocionais de quem luta com o próprio peso ou com a própria aparência. Ele conhece, por experiência, o quanto é difícil a tentação do apetite e o quanto o mundo tem sido bombardeado pela satisfação dos próprios desejos, incluindo aquilo que comemos. Paralelamente, a busca por um padrão de beleza leva muitas pessoas a escravizarem o próprio corpo a fim de alcançar um modelo perfeito. Em meio a tudo isto, a orientação de Deus é: “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isto saúde para o teu corpo e refrigério, para os teus ossos” (Provérbios 3:7, 8). Quanto mais nos aproximamos das orientações de Deus, mais saúde teremos fisicamente e emocionalmente. “Porque te restaurarei a saúde e curarei as tuas chagas, diz o Senhor” (Jeremias 30:17). Você deseja pedir ao Senhor que lhe ajude a cuidar de maneira apropriada do seu próprio corpo? Ele ajudará você.
[1] Fonte: http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2013/03/19/doencas-relacionadas-a-obesidade-custam-r-488-milhoes-por-ano-ao-sus/
[2]Fontes: http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/9905/162/doencas-associadas-a-obesidade-custam-meio-bilhao-de-reais.html e http://www.integralsistemadesaude.com.br/causaseconsequenciasdaobesidade.php
[3]Fonte: http://www.endocrino.org.br/tratamento-da-obesidade/
[4]Fonte: American PsychiatricAssociation, DSM-IV-TR, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4.ed. Artmed Editora, p. 555.
[5]Fonte: American PsychiatricAssociation, DSM-IV-TR, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4.ed. Artmed Editora, p. 560-564.
[6]Fonte: Fonte: RANGÉ, B. (Org.), Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiátricos. Editorial Psy II. 2ª tiragem, Campinas: 1998, p. 187.
[7]Fonte: Fonte: Fonte: RANGÉ, B. (Org.), Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiátricos. Editorial Psy II. 2ª tiragem, Campinas: 1998, p. 188.