O prazer é um presente que Deus nos concedeu. Depois de um dia cansativo chegar a casa e poder saborear o alimento é extremamente gratificante. Desfrutar de um almoço de final de semana com a família é um dos momentos mais agradáveis que temos, não concordam?
“Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que isso também vem da mão de Deus.”(Ecl.2:24)
O sábio diz que a satisfação do comer vem de Deus. Ele se alegra com a felicidade do homem, ele quer que o homem tenha prazer e desfrute a vida. Deus é o grande Criador que nos capacitou com as papilas gustativas, olfato e quimiossensores que juntos são responsáveis pelo prazer ao nos alimentarmos.
O prazer que o alimento provoca é muito mais do que o conjunto das sensações que o caracterizam (sabor, cheiro, aspecto visual entre outros). Da construção do gosto de um alimento fazem também parte as memórias de experiências emocionais vividas no passado. As preferências alimentares são grandemente influenciadas pelo ambiente familiar. Quando uma criança experimenta, pela primeira vez, um determinado alimento, o contexto e o tom emocional que a rodeiam no momento do contato vão influenciar de forma marcante a percepção desse alimento.
É o cheiro de um feijão que nos remete a memórias da infância. Um doce que nos lembra as férias passadas. Ah, são tantas memórias em que o alimento está vinculado ao prazer de um momento. As datas especiais sempre são comemoradas com alimento, já notaram? No casamento, aniversário, Natal e outras datas a comida está presente.
O alimento não supre apenas as necessidades fisiológicas do homem, mas apresenta todo um conjunto simbólico de relação e afeto criado ao longo da existência humana. O primeiro contato com o alimento é no seio materno e este contato é envolvido de afeto, proteção e atenção. Durante todo o desenvolvimento do indivíduo e em particular na infância, a alimentação e afeto possuem um vínculo muito forte.
A ligação do afeto com a comida deve ser cuidadosamente analisada para que não ocorra uma compensação do afeto pela alimentação. Alguns estudos apontam que mães que trabalham fora tendem a compensar sua ausência por meio de alimentos e guloseimas, o que pode favorecer a obesidade infantil. Mas qual a finalidade de saber tudo isso?
Saber a íntima relação que o alimento tem com o afeto e o prazer de um momento é de extrema importância para mudanças de hábitos alimentares. E hoje falar em mudança de hábitos alimentares é uma necessidade. Segundo dados do Ministério da Saúde, anualmente, cerca de 260 mil brasileiros perdem a vida, em decorrência de doenças relacionadas a uma alimentação inadequada.
O consumo de alimentos em sua forma natural tem decaído, enquanto aumentou-se o consumo de produtos industrializados. Desde os anos 70 o regime alimentar tradicional do brasileiro vem sendo substituído por refeições que não atendem adequadamente às necessidades nutricionais do corpo. O consumo de refrigerantes, por exemplo, aumentou em 400%.
Como a família pode ajudar na formação de bons hábitos alimentares? Um ambiente agradável e tranqüilo é um dos primeiros passos nessa formação, pois propicia um bem-estar que influi na percepção do alimento. Um ambiente descontraído e amigável possibilita, até mesmo, que experimentemos alimentos que não fazem parte do nosso hábito ingeri-los.
As refeições devem ser feitas em horários regulares, o que é importante para o metabolismo e gera uma segurança, sobretudo para as crianças, que saberão que suas necessidades serão supridas e desenvolverão um senso de rotina. As refeições devem ser feitas preferencialmente com a família reunida à mesa sem a interferência da televisão, que, geralmente, contribui para ingestão maior de alimentos.
A ênfase deve ser dada a alimentos saudáveis e não no que é prejudicial. Frases como “não coma isso!” devem ser trocadas por “já provou isso?” Uma maior oferta de alimentos naturais ricos em fibras, vitaminas e minerais, como é o caso das frutas e verduras, diminuem simultaneamente o consumo de alimentos industrializados e prejudiciais à saúde.
Os aspectos sensoriais do alimento como aparência do prato, cheiro e sabor não devem ser negligenciados. Mesmo alimentos de preparo simples e naturais devem ser atrativos e carinhosamente preparados. Quanto mais colorido for o prato maior é a chance de uma refeição equilibrada e rica em nutrientes.
Todos os membros da família devem cooperar na difícil missão da mudança de hábitos, mas, se há alguém fundamental no papel de auxiliar essas mudanças, são as esposas e mães, que geralmente são as responsáveis na preparação das refeições. Quando a família segue padrões saudáveis a recompensa é de todos.
Tchana Weyll Souza de Oliveira
Nutricionista
Fonte: www.vidaadois.net