A gripe A, também chamada de gripe suína, continua sendo notícia no planeta inteiro e no Brasil, em especial, por causa das recentes mortes e do certo pânico de muita gente que tem medo até de se contaminar dentro de casa sozinho. Ouvi entrevistas realizadas com médicos e especialistas em saúde pública pedindo para não se criar alardes e nem proliferar um tom de alarmismo. Mas a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) trata de deixar a população preocupada ao declarar que está com dificuldades para contabilizar os casos, devido à quantidade.
Ainda na mesma linha de saúde, só que sob um outro ponto de vista, há poucos dias um evento aconteceu em Genebra, na Suíça, que tratou de saúde e estilo de vida. Muito sugestivo o tema, visto que pouco se procura estabelecer a relação entre qualidade de vida e saúde com estilo e comportamento das pessoas. Cabe, porventura, uma ligação entre a epidemia da gripe A e o enfoque da OMS em prevenção? Eu mesmo respondo: cabe.
Na Bíblia Sagrada há duas afirmações muito profundas em sua essência, advindas dos escritos do apóstolo Paulo aos coríntios. Aliás, um conceito complementa o outro. No capítulo 6 da primeira carta, no versículo 19, Paulo explica que “ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus? Não sois de vós mesmos”. Posteriormente, seguindo a ordem exposta no cânon sagrado, no capítulo 10, versículo 31, há uma frase muito própria que ajuda a entender completamente essa ideia. “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. O resumo é simples de ser assimilado. Somos criaturas de Deus, nosso corpo é um santuário de habitação divina e, por isso, tudo o que comemos, bebemos, ou seja, tudo o que ingerimos (e isso pode ser ampliado para a saúde mental) deve ser unicamente para glorificar a Deus. Ou seja, o que consumimos fisicamente e mentalmente tem uma ponte com o que somos espiritualmente.
A gripe A é considerada pelos estudiosos como um problema típico da mutação de um vírus e do inevitável descontrole inicial de sua ação na infecção das pessoas. Mas que futuramente será tudo resolvido com vacinas, etc. Só que esse vírus e tantos outros que têm aparecido nos últimos anos, com nomes diferentes, reações imprevisíveis e um poder de se alastrar com rapidez e efeitos desastrosos para homens e animais, podem indicar algo a mais. Sinalizam, talvez, que nossa sociedade está vulnerável, não apenas os corpos dos seres vivos. Mas a atmosfera, as águas, o solo, as plantas. Estamos vulneráveis, desprotegidos. E isso tem a ver com o nosso estilo de vida. É fácil perceber que vivemos em um ciclo de vida absolutamente desequilibrado com poluição de todas as fontes possíveis e consequente danos à saúde. O santuário de habitação de Deus, conforme se refere Paulo na sua carta aos coríntios, está cada vez mais sujo e aberto a mais sujeira. Não se fala muito sobre estilo de vida. Fala-se em métodos para combater os vírus depois que agem, depois que destroem e matam. A ciência trabalha muito, com certeza, porém fortemente focada em encontrar saídas para corrigir os problemas depois que se tornam insustentáveis. E a prevenção? E o cuidado para honrar e glorificar a Deus?
Que projetos e programas se destinam a intensificar uma mudança de estilo de vida com vistas a uma saúde individual melhor que pode repercutir em uma saúde pública realmente de qualidade? Parece que muito pouco se faz de efetivo para o foco sofrer uma sensível alteração. A Bíblia assevera a importância de se prevenir, de um comportamento saudável. Era o jeito de ser de personagens do Antigo Testamento, como Daniel, que não se preocupavam apenas com os possíveis vírus e bactérias que poderiam infectá-los. Sua necessidade era a de desenvolver princípios de saúde, hábitos arraigados que se tornavam práticas corriqueiras. E não meras dietas velozes com finalidades meramente estéticas e passageiras. Mudanças de comportamento.
Epidemias como a da gripe A só reforçam o caos da saúde pública a que estamos submetidos constantemente. A solução parece estar muito mais perto de nós. Melhor dizendo, em nós mesmos. Em nossos estilos de comer, beber, dormir, trabalhar, pensar….
Felipe Lemos
Jornalista, blogueiro, twiteiro, especialista em marketing
Assessor de Imprensa da Igreja Adventista do Sétimo Dia na América do Sul